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segunda-feira, 22 de abril de 2024

BODE EXPIATÓRIO

 

 

   Na língua portuguesa, há dois verbos que são bastante utilizados pelas pessoas: o primeiro: “espiar”, que tem origem no gótico spaíhôn. É verbo transitivo direto, e, significa olhar, ver, perceber, observar algo ou alguém, de modo secreto, sem que ninguém perceba, com o propósito de conseguir informações. O mesmo que espionar. Espiar é um verbo muito conhecido e muito usado pela população. Um exemplo é: a mulher espiava o filho, enquanto o mesmo dormia.  O segundo: é “expiar”, com origem no latim expiare. É verbo transitivo direto e pronominal, e significa reparar, redimir, pagar, purgar, remir, resgatar, padecer, penar, ou seja, reparar um erro, uma falta; pagar um crime, etc. Exemplo: o homem expiou arduamente por seu erro.

     De acordo com as regras ortográficas, essas duas palavras, são homófonas, isto é, possuem a mesma pronúncia, mas com grafia e significados diferentes. Origina-se de homo, que significa, o mesmo; e fonia, que quer dizer, som. Embora algumas pessoas não queiram perceber, é de fundamental importância o estudo, aprendizado e o domínio da sua língua mater, como no caso aqui, da língua portuguesa. Mater, que é substantivo feminino, e que é aquela que desempenha o papel de mãe, de mulher que gerou, deu à luz e criou seus filhos, e foi a partir da junção de várias línguas, e principalmente do latim, que surgiu nossa língua portuguesa mãe.

     Interessante definir o que representa cada palavra da nossa língua, para entendermos prontamente, seus significados e suas objetividades na fala e na escrita. Trataremos aqui, do chamado ”bode expiatório”. Essa expressão teve origem no dia da expiação e era um ritual para purificação de toda nação de Israel. Expressão popular que é entendida hoje, como: para definir uma pessoa sobre a qual recaem as culpas alheias; é aquela pessoa chamada de laranja; por exemplo, quando alguém é acusado de um delito que não realizou. Temos o caso de Tiradentes, que foi o bode expiatório da Inconfidência Mineira.

     Para se redimir de seus pecados o judaísmo que era praticado pelo povo judeu, nos tempos antigos, época do Velho Testamento, identificou num animal, o bode, uma forma de expiar seus pecados. No deserto, definiam um lugar mais alto para colocar o referido animal, no qual, se reuniam em seu entorno e começavam um culto de expiação de seus pecados, tendo como ponto de partida aquele animal, que ali mesmo seria sacrificado. Esse fato, ficou consagrado na tradição judaica como o ritual do sacrifício do “bode expiatório”. Durante essa cerimônia, o bode era apedrejado, massacrado, cuspido pelo povo, finalizando com o sacrifício do mesmo.

     Este costume tinha um efeito reparador dos pecados cometidos pelo próprio povo judeu. Já no final desse ritual, o povo saía do local, com a consciência limpa, porque todos os seus erros e pecados tinham sido transferidos para o referido animal. Como em todos os povos antigos, esse ritual judaico representava simbolicamente, no imaginário do povo, que todos os seus crimes e pecados haviam sido transferidos para o bode expiatório e que Javé, o Deus Supremo estava satisfeito com o seu povo santo.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

UMA DÉCADA DO CURSO DE TEATRO

 

 

     Este início do mês de abril de 2024, se torna um período muito significativo, tanto para mim, como para os profissionais da área das artes cênicas do Amapá, tendo em vista que há 10 anos, recebi a primeira turma do Curso de Licenciatura em Teatro, exatamente no dia 09 de abril de 2014. Processo que se desenrolou entre duas décadas e que, no dia 12 de novembro de 2013, depois de dois projetos que eu já havia encaminhado à administração da UNIFAP, (um, em 1996 e outro em 2001), ter sido aprovado pelo Conselho Superior da Universidade Federal do Amapá. Já em dezembro de 2014, assumi a Coordenação do referido curso. Iniciei apenas com a cara e a coragem. E fui em busca, de espaço físico para a Coordenação, que se instalou em dois pequenos ambientes cedidos pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais. Determinou-se também a sala de aula para receber a primeira turma.

     Na ânsia de ver o curso criado, e para juntarmos nossas forças, resolvi convidar para uma reunião, o Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Amapá, quando na ocasião, expressei a necessidade da participação da classe artística neste processo. Em seguida nos reunimos com a classe e ficou definido a realização de um cortejo que sairia do Marco Zero, com destino à sala do Conselho Superior da UNIFAP. Expressei também, a necessidade de que cada grupo de teatro deveria redigir um documento em apoio à criação do Curso de Teatro. No dia da aprovação a classe entregou um calhamaço de papel ao Presidente do Conselho. E, assim, as pessoas de teatro, invadiram o Conselho Superior, juntando-se a essa luta para a implantação do curso. Desta forma, pressionando o Conselho para a aprovação imediata do primeiro Curso Superior de Teatro do Amapá.

     Após a aprovação, pelo Conselho Superior da UNIFAP, da criação do curso de teatro, a classe saiu em grande passeata pelas ruas da instituição, festejando, celebrando a Dioniso, como um verdadeiro canto ditirâmbico. Foi de grande importância essa participação da classe artística e teatral, na luta pela implantação do Curso de Teatro, que nesses dez anos, colocou no mercado de trabalho, profissionais competentes para desenvolveram suas funções na sociedade amapaense. No Curso de Licenciatura em Teatro o aluno desenvolve a prática de lecionar aulas de teatro, como também, interpretar, vivenciando a experiência do fazer teatral, aprofundando-se nas especificidades de sua escolha. A base deste curso está alicerçada nesta formação e complementada pelos fundamentos sócio-político-pedagógico que norteiam a formação pedagógica dos cursos de Licenciatura.

     Foram sete anos ininterruptos, os quais, trabalhei diuturnamente, iniciando-se em 2010, com a retomada, análise e atualização dos dois projetos anteriores. Em seguida, o acompanhamento do processo por todas as instâncias da instituição, sempre respondendo e esclarecendo as dúvidas do relator do referido processo. Após a aprovação, tudo começou do zero; em 19 de dezembro foi publicada minha portaria como Coordenador. Enfaticamente, parti para a organização física da Coordenação do Curso e a preparação para receber a primeira turma, que iniciou no dia 09 de abril de 2014. Esta primeira fase do Curso de Teatro, foi um ciclo que se fechou, primeiro com a contratação de 7 professores em dezembro de 2015, e em seguida, quando em abril do ano de 2017, entreguei definitivamente, a coordenação do curso à nova geração de professores, completando assim, 7 anos de trabalhos ininterruptos, para que o curso tomasse novo impulso, o que aconteceu com a chegada dos novos professores.

 

terça-feira, 9 de abril de 2024

VEGANO - SER OU NÃO SER

 

                              

O artigo desta semana, foi escrito por minha aluna, Hozana de Araújo Alves, à qual, participa do projeto de extensão que estou à frente como Coordenador, intitulado: “Socializando a Cultura”. Projeto este, ligado ao Curso de Teatro da UNIFAP, o qual, tem o objetivo de motivar nossos discentes para o ato da escrita. Portanto, segue as palavras de uma futura pesquisadora:

A moda do momento é definida pelo padrão alimentar que as pessoas adotam e influenciam. Mas, paramos para refletir como isso poderá afetar nossas escolhas. Durante uma entrevista ao programa da Eliana, a apresentadora Xuxa se pronunciou dizendo que: “muitas pessoas acham que ser vegano é só comer mato, não, a gente só tira o defunto do prato”, a frase no primeiro momento passa despercebida sem muita importância, mas ao avaliar atentamente percebemos que possui uma carga ideológica no lexical: “Defunto” – que assume na frase outra coisa, agora destinado à carne em decomposição, que faz mal à saúde humana. Nesse sentido, tem significado próprio, de outro modo, carregando assim uma mudança de significado e provocando efeitos moventes na significação. Ademais, nada é por acaso, o texto é formado por um conjunto de nós, isto é, este discurso representa um grupo de pessoas, neste caso, o grupo dos Veganos, do qual, Xuxa faz parte.

Para a comunidade Vegana os animais têm as mesmas condições e direitos que os seres humanos, bem como eles possuem uma interação e conexão direta com eles e tudo que está a sua volta, ou seja, comer outro ser vivente seria um atentado à vida, por isso, da negação de se alimentar de produtos de origem animal. Essa filosofia de vida é amplamente aderida e divulgada pelos Veganos. E ir contra esta prática ou criticá-la é para eles uma ofensa, pois eles a creditam que há uma conexão entre os seres.

Aliás, os Veganos são conhecidos por não consumirem nenhum produto de origem animal, e isso incluem roupas, cosméticos, alimentos, etc., eles praticam uma consciência naturalista utilizando apenas alimentos de origem vegetal: legumes, cereais, frutas, etc. Ou seja, de acordo com a sociedade Vegana: “os veganos são contra o sofrimento de animais para a fabricação de cosméticos, roupas, qualquer tipo de produto. Também não apoiam atividades de lazer onde animais são aprisionados para entretenimento do público”. É por isso que alguns discursos desse grupo são carregados de radicalismo, bem como de aspectos ideológicos e discursivos, o qual produzem discursos enunciados que inegavelmente são defendidos e divulgados amplamente nos meios de comunicação os quais estes circulam.

Por outro lado, contrários a este pensamento existem os não-Veganos (pessoas que consome as carnes e seus derivados) e que defendem o consumo de aves, peixes, camarões, crustáceos, etc., até porque são fontes de proteínas, e ao retirá-las da alimentação poderá causar danos graves à saúde humana. Os nutricionistas e os profissionais da saúde aconselham sempre a procurar orientação profissional, já que as carnes são fontes de vitaminas, a exemplo à do complexo B12. E ter uma dieta Vegana custa muito caro, ainda mais no Brasil com diferentes rendas, classes, sem um estruturalismo financeiro e um aparato médico fica inviável manter uma postura tão saudável como a dos Veganos.

Os Veganos têm um modo de pensar e de agir em relação aos animais, principalmente quando o assunto é alimentação e consumo saudável excluindo assim as carnes de origem carnívora. Pois os Veganos possuem uma relação muito próxima com os animais, para eles a vida interage - existe uma conexão com todos os seres vivos - todos são nesse sentido, a mesma coisa. Mas, tem-se a pensar que se tratando de Brasil ter a cultura da alimentação saudável fica difícil, pois não temos os mesmos padrões sociais para todos. Então, ser ou não ser vegano parte inicialmente da condição financeira e social de se manter essa prática.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

DIA INTERNACIONAL DO TEATRO

 


     Na última quarta-feira, 27 de março, foi comemorado o dia internacional do teatro. Em relação a isso, resolvi trazer à tona, esse tema tão importante para nossa cultura, já que temos atualmente no Amapá, vários artistas profissionais do teatro, principalmente, em função da implantação do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP, que iniciou sua primeira turma no ano de 2014. Ao todo, são sete turmas que já concluíram o referido curso, sendo um total aproximado de 330 profissionais da área, levando-se em consideração que os egressos seguem caminhos diferentes: alguns encaminham-se para a carreira acadêmica, enquanto outros decidem pela carreira artística. 

     Todos sabem que o teatro é uma arte exclusivamente coletiva, visto que é resultado da união de várias artes, como: dança, música, canto, fala, movimento, literatura, artes visuais, arquitetura, circo, mímica, pantomima, cinema, entre outras. Todavia, na manifestação teatral, encontramos várias formas de expressão: expressão gestual; expressão verbal; expressão visual; expressão musical e expressão escrita. Mas há uma inquietação essencial, no que diz respeito aos principais elementos que constituíram a base fundamental do teatro grego.

     Em relação a essa questão, fica claro que esse alicerce remoto gira em torno de duas artes distintas: a música e a dança; como também poderia ter sido a fala, levando-se em consideração a atitude de Téspis, quando, pela primeira vez, falou no Culto a Dioniso, em primeira pessoa, a seguinte frase: “- Eu sou Dioniso”. Além de ser considerado o primeiro ator, com esse gesto e esse ato, ele também é considerado como o impulsionador da literatura ocidental. No entanto, há muitas controvérsias...!  Enquanto alguns autores defendem a dança, como princípio fundamental da origem do teatro, outros defendem a música. Sabe-se que muitos povos primitivos já praticavam a dança em suas manifestações comemorativas e religiosas, em seu livro “O Teatro Grego”, António Freire afirma que: “As primeiras sociedades primitivas acreditavam que a dança imitativa influenciava os fatos necessários à sobrevivência através de poderes sobrenaturais, por isso alguns historiadores assinalam a origem do teatro a partir desse ritual. ”

     Etimologicamente o termo teatro deriva do latim theatrum e do grego theatron, que dá ao vocábulo o sentido de miradouro, praticamente, lugar de onde se vê, lugar para olhar, de theasthai, “olhar”, mais – tron, sufixo que denota “lugar”. Entendendo-se dessa maneira, que o sentido primitivo da palavra “teatro”, estava relacionado estritamente com a ideia da visão, lugar de contemplação. Esse verbete, que significava o prédio onde são realizados espetáculos, posteriormente, se tornou mais amplo e a ter maior alcance, com vários sentidos conotativos, designando peças, produção, preparação de uma peça teatral em geral, edifício, entre outros.

     Sem embargo, esse teatro do qual conhecemos na atualidade, originou-se basicamente de três festividades gregas, às quais, apresentavam características especificas com seus cultos e seus mistérios: a) dos mistérios de Delos; b) dos mistérios de Elêusis; e c) dos mistérios do culto ao deus Dioniso. Tanto em Delos quanto em Elêusis, sempre havia comemorações e festividades dedicadas a Dioniso. Todavia, acredita-se que, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados, o culto ao deus Dioniso, é a mais provável hipótese e o principal vetor do surgimento do teatro. 

     Em função dessas atividades teatrais persistirem até nossos dias, foi que em 1961, o Instituto Internacional do Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unidas, voltado para a educação, ciência e cultura, resolveu criar uma data dedicada às atividades culturais ligadas à representação, durante o seu IX Congresso Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das Nações, em Paris, França, em 27 de março de 1962, tem sido celebrado o Dia Internacional do Teatro. A data 27 de março, assinala também a inauguração das temporadas internacionais no referido teatro.

 

segunda-feira, 25 de março de 2024

45 ANOS DE UMA CRUZ PARA JESUS

 

 

     Com uma vida dedicada ao teatro do Amapá, o ator e diretor de teatro Amadeu Lobato merece meus cumprimentos e minhas felicitações, em função de sua persistência e dedicação exclusiva à sua tradicional montagem do espetáculo “Uma Cruz para Jesus”, que neste ano de 2024, inusitadamente, está completando seus 45 anos em cartaz. É bom lembrar que, no Brasil, são poucos os grupos de teatro que permanecem tanto tempo em cartaz, como exemplo, José Pimentel que passou mais de 40 anos representando a Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, Pernambuco.

     A primeira apresentação que aconteceu no ano de 1979, teve apoio da Igreja Católica, e consequentemente, nesses quarenta e cinco anos à frente, como diretor da Companhia Teatro de Arena, Amadeu Lobato transformou seu trabalho num espetáculo ontológico e clássico do Amapá. Uma peça em que não se paga ingresso, onde o acesso é livre para o público em geral, sem discriminação de cor, etnia, religião e classe social. Todos podem assistir ao referido espetáculo, e para isso, basta se dirigir na sexta-feira santa, ao teatro ao ar livre que existe na lateral norte da Fortaleza de São José de Macapá, no centro da cidade. 

      Para aqueles que acompanham essa trajetória, basta imaginar que são 45 anos de resistência em relação ao fazer teatral nas terras tucujus. Amadeu Lobato é nosso grande Mestre do teatro amapaense e transformou seu espetáculo numa considerável escola de teatro ao ar livre, visto que significativa parte dos artistas do Amapá, pela primeira vez, subiram ao palco, nesta escola. Também não é para menos, sua peça coloca em cena, todos os anos, mais de cem atores e atrizes, concentrados num espetáculo de um pouco mais de uma hora, na área externa da Fortaleza.

     Uma Cruz para Jesus significa a vitalidade e a persistência do teatro amapaense. Hoje não se pode falar desta peça sem citar o nome de Amadeu Lobato. Ao longo de quatro décadas houve um hibridismo entre o criador (Amadeu) e a criatura (que é seu espetáculo).  Por isso, esse trabalho e essa dedicação do Amadeu Lobato, já é referência tanto na sociedade amapaense quanto dentro da academia voltada para estudos culturais.

         Nesses últimos 29 anos tenho acompanhado de perto a obra desse avultado Mestre, e foram muitas as vezes que seu trabalho foi montado com garra, coragem e decisão, e o mais importante é que o público sempre esteve lá, literalmente de pé, vendo a ficção e aplaudindo na realidade, os passos de Jesus Cristo Salvador. Amadeu Lobato é um sujeito de fé, com muita determinação, objetivo e metódico, não fosse essas qualidades, seu espetáculo já não mais existiria.

     Seguramente posso citar aqui algumas influências de “Uma Cruz para Jesus” nestes 45 anos de atividades ininterruptas. No entanto, é em função deste espetáculo que se disseminou vários outros grupos que passaram a apresentar seus espetáculos sobre a vida, paixão e morte de cristo. Bairros como: Perpétuo Socorro, Pacoval, Novo Horizonte, entre outros também fazem apresentação sobre a vida de Cristo. Em função de todo esse trabalho, por toda sua contribuição para o teatro do Amapá, Amadeu Lobato merece nosso respeito. Parabéns meu amigo, parabéns por sua resiliência e persistência nesses últimos 45 anos de apresentação de “Uma Cruz para Jesus”.  O teatro do Amapá agradece sua dedicação e espírito dionisíaco.

 

 

 

 

segunda-feira, 18 de março de 2024

PASSOS DO HERÓI

 

 

     Basicamente, se olharmos para todo herói, iremos perceber que há muita coisa de semelhante, principalmente no que diz respeito à sua trajetória, à sua história; visto que todos eles seguem o mesmo enredo, o mesmo caminho ou a mesma saga. Quem já assistiu um filme de western ou bang-bang, sabe disso! Inicia-se quando, geralmente, nasce numa família muito humilde. Possui força sobre-humana precoce; e de acordo com seu desenvolvimento, consegue rápida ascensão ao poder, além de muita notoriedade. Torna-se defensor da justiça e cheio de virtudes, e na sua trajetória final, ou morre ou se torna herói reconhecido pelo seu povo.

     O herói geralmente, sai do seu mundo comum, passa por um mundo diferente e desconhecido, e retorna ao seu mundo comum, como verdadeiro herói. Como isso acontece? Vejamos: primeiramente há um chamado para a aventura, uma mensagem ou um convite de alguém, na verdade um desafio que ele deverá aceitar, ou não. Aqui, ele ainda está em seu mundo cotidiano. Para sua difícil decisão, sai em busca de alguém mais sábio, um oráculo, talvez! Em busca de conselhos e ajuda. Em função de sua decisão, segue seu rumo, cruzando o portal do seu mundo normal, seguro e tranquilo, e adentrando num mundo especial, desconhecido e cheio de provações e aventuras.

     Já no mundo completamente misterioso, o herói terá que passar por testes e provações; e este é o momento em que muitas situações adversas possivelmente irão acontecer, como, por exemplo, escapar de uma armadilha, descobrir o enigma e matar um monstro. Lembremos da saga de Ulisses no seu retorno à Ítaca; em Édipo Rei, quando mata a esfinge, ou ainda os 12 trabalhos de Hércules. E aí, chega a hora de encarar a maior provação, que se torna o maior temor do herói, mas que inevitavelmente ele terá que enfrentar tais situações. Este é o mais difícil momento do herói, tendo em vista, que ele, enfrentará a morte, e poderá matar o monstro ou até mesmo morrer.

     Ao vencer todas as suas provações, com certeza, o herói exige um prêmio, uma recompensa, algum tesouro, ou poder, como aconteceu com Édipo, que se tornou rei de Tebas. No desfecho de sua caminhada, o povo se curva respeitosamente diante do herói e o transforma em rei ou pessoa importante. Portanto, há várias formas de se decidir o desfecho final. Então, chega o momento do herói sair do seu mundo especial, e retornar ao seu mundo normal, já como herói reconhecido. Acontece que, depois de toda essa aventura, ele retorna a seu mundo normal, rejuvenescido e com uma nova vida. Foi preciso todo esse desenlace para que o mesmo se tornasse um herói. Seu gesto, sua decisão e sua atitude o transformaram em herói. 

     Em função de que todas as tramas foram resolvidas, o herói volta ao seu mundo cotidiano, mas com um nível mais elevado, já não é mais o mesmo, deixando de ser algo comum, para ser um herói. Isso também acontece com o personagem Flick, herói do filme “Vida de Inseto”, Édipo, na peça “Édipo Rei”, de Sófocles, como também fica muito claro no personagem “Ulisses” da “Odisseia”, e ainda, vamos encontrar esses heróis em muitos filmes populares. Esta é a jornada do herói.

 

quarta-feira, 13 de março de 2024

PROFESSORA VERÔNICA É CIDADÃ AMAPAENSE

 

 

     Na última segunda-feira, dia 4 de março, a Professora aposentada Doutora Verônica Xavier Luna, da Universidade Federal do Amapá, recebeu da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, o Título de Cidadã Amapaense, numa homenagem do Deputado Estadual Jory Oeiras. Desde muito jovem, Dra. Verônica se dedicou ao magistério, quando ainda não tinha habilitação específica para trabalhar como professora, mas apenas como diletante da arte de ensinar. Aos dezesseis anos já atuava no ensino primário, escala que foi aumentando à medida que foi adquirindo sua formação superior.

     Ao chegar à região Norte, na qualidade de professora concursada da Universidade Federal do Amapá e docente do Curso de História, sua vivência no Amapá foi despertando seu interesse pela cultura local, religiosidade e a formação social do seu povo. Ao se familiarizar com as comunidades afrodescendentes do Amapá, foi motivada por esse novo mundo, o que a levou ao compromisso acadêmico tendo como ponto de partida a sociedade amapaense. A partir de seus estudos, publicou em 2011, a obra intitulada “ESCRAVOS EM MACAPÁ”, que foi resultado da conclusão de seu Mestrado. 

     Com o passar dos anos, em suas pesquisas Dra. Verônica afirma ter-se debruçado sobre extensa literatura, partindo de autores locais e regionais. Além de entrar em contato com a historiografia local, à qual, revelou uma história mais política da região, ela também participou de vários encontros que debatiam essa temática. O estudo da professora aprofunda o alargamento da formação social dos trabalhadores africanos cativos na Vila de Macapá, tendo como perspectiva a formação social e histórica em suas diferentes dimensões, voltados para o debate acadêmico da história da Vila de Macapá.

     A professora passou a apreender práticas da cidade no início dos tempos republicanos, delimitadas por uma temporalidade também passada/presente. Sendo assim, realizou atividades em instituições públicas de Macapá: como exemplo: no cartório Jucá, no Tribunal Judiciário do Amapá (TJAP), Biblioteca Pública Elcy Lacerda, e ainda no arquivo da Cúria de Macapá. Essa atividade contou com a colaboração de alunos da especialização e da graduação em história da UNIFAP. Em 2020, publicou a obra “UM CAIS QUE ABRIGA HISTÓRIAS DE VIDA – Sociabilidades Conflituosas na Gentrificação da Cidade de Macapá (1943 a 1970).

     Como professora da Universidade Federal do Amapá, criou o Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas – CEPAP; como também o Centro de Memória, Documentação Histórica e Arquivo – CEMEDHARQ/UNIFAP. Mesmo aposentada atua em prol do salvamento dos acervos documentais do Estado do Amapá, com intuito de garantir a preservação e guarda da memória e identidade histórica local. Salvou a Memória da Briosa Guarda Territorial e a transformou em livro, que teve como resultado a obra “MEMÓRIA DA BRIOSA GUARDA TERRITORIAL DO AMAPÁ”, livro que foi lançado no dia 21 de setembro de 2023. Atualmente continua investindo na guarda de memória de atores sociais locais. 

                                                                                    Prof. Dr. PALHANO.